Amara’s Law na Era da IA: Exageramos ou Subestimamos?

No cenário tecnológico em constante evolução, a discussão sobre as capacidades e limitações da inteligência artificial (IA) tem sido robusta e multifacetada. Rodney Brooks, pioneiro em robótica do MIT, chama a atenção para a tendência humana de exagerar os efeitos das novas tecnologias no curto prazo e subestimá-los no longo prazo, uma observação amplamente reconhecida como a **Lei de Amara**. Com a ascensão de modelos de linguagem grandes (LLMs) como o ChatGPT e o Bard, intriga discutir se estamos no pico do exagero ou na calmaria antes de uma revolução mais profunda.

Ainda que a IA generativa mostre habilidades surpreendentes, especialmente na criação de textos e músicas, há uma corrente crítica que pontua suas falhas nos aspectos práticos que outras máquinas já desempenham. Um comentário interessante trouxe uma analogia pertinente: adquirir um carro voador e reclamar porque ele não é mais rápido em uma autoestrada convencional. Esta analogia revela uma questão maior: em que aspectos a IA realmente agrega valor?

Enquanto alguns usuários notam a falta de capacidades práticas e consistentes dos modelos de IA em resolver problemas de codificação, indicando uma bolha similar ao estouro da **bolha das .com**, outros destacam como estes modelos podem transformar o cotidiano de maneiras inesperadas. Por exemplo, ao invés de mover objetos, um robô com uma futura IA avançada poderia embalar uma mala completa para uma viagem com comandos simples, sem listas detalhadas de itens, algo que parece trivial agora, mas pode revolucionar tarefas domésticas no futuro.

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Outro ponto de debate é a nomenclatura de ‘Inteligência Artificial’ em si. Críticos preferem a terminologia ‘Machine Learning’ (Aprendizado de Máquina), sublinhando que a IA atual não se aproxima das formas conscientes de inteligência que humanos possuem. É destacado que máquinas podem ‘aprender’ com grandes conjuntos de dados, mas não ‘entendem’ nem ‘pensam’ da maneira que requer consciência. A discussão entre materialistas e idealistas sobre a possibilidade de uma máquina desenvolver consciência revela profundas divergências filosóficas sobre o que significa ser ‘inteligente’.

É interessante ver como a **Arquitetura de Subsumo**, proposta por Brooks nos anos 80 e 90, deu origem ao sucesso notável do **Roomba** da iRobot, um exemplo de um sistema robótico simples e eficiente em ações práticas, contrastando com as promessas elevadas de LLMs. Este exemplo demonstra como soluções simples podem ter impactos práticos muito significativos e duradouros, sem necessidade de inteligência artificial a níveis humanos.

Apesar da linha tênue entre otimização e inovação revolucionária, vemos paralelos nas previsões falhas, como a expectativa de que iPods teriam 160TB de armazenamento em 2017, comparadas com a realidade onde iPhones e nuvem substituíram a necessidade de armazenamento local massivo. Esses exemplos sugerem uma necessidade de moderação e perspectiva balanceada ao avaliar as tendências tecnológicas.

Por fim, vale refletir sobre o impacto do aprendizado supervisionado e não supervisionado na evolução da IA. Enquanto LLMs podem não ser capazes de estabelecer novos paradigmas de criatividade ou resolver problemas fundamentais como uma criança aprende matemática, eles marcam um avanço não desprezível em tarefas contextuais e processamentos de linguagem natural. Portanto, a IA está evoluindo constantemente, talvez de maneiras inesperadas e em áreas onde a utilidade prática supera os altos voos filosóficos, consolidando-se como uma ferramenta transformadora, ainda que não infalível.


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